Wednesday, August 22, 2007

No chuveiro

Ela se conhecia bem e sabia o que queria.
Nunca foi boba, nem muito menos ingenua, a vida lhe cuspiu a realidade em sua cara muito cedo, e ela apenas aceitou e gozou ao máximo disso.
Depois daquele dia cansado ela só queria tomar banho.
Depois daquele dia atribulado ela só queria relaxar.
Chegou em casa, colocou sua velha e boa mpb e aumentou o som de um jeito que embaixo do chuveiro poderia curtir sua música.
Seu corpo estava frio, sua cabeça estava quente.
Entrou embaixo do chuveiro e deixou a água escorrer, em sua cabeça, pelo seu corpo, até tocar o chão.
O sabonete já escorregava pelos seus braços e o cd estava em sua terceira faixa, a menina cantava junto com a música formando uma capela.
O shampo já estava em toda sua cabeça, e a espuma escorria por suas costas passando entre as covinhas, pela bunda, a coxa e finalmente encostava o chão.
Limpa, a menina resolve então sentar, com a água batendo em sua cabeça e deixando os pensamentos fugirem.
Como a água os pensamentos dela fluiam e iam, o cd já estava em sua sétima faixa, tocava uma música daqual a menina se identificava e gostava, ela então cantando com a música fechou os olhos e deixou a letra dominá-la.
Seu corpo fazia movimentos refletidos e suas mãos percorriam seu corpo.
Agora sua cabeça era fria e seu corpo era quente.
Ela estremecia, arrepiava.. Ela se perdia.
Agora seu corpo era bem quente e sua cabeça vazia.
Era prazer que ela queria (e sentia).
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia."

[Fernando Pessoa]

Friday, August 17, 2007

Você já olhou para o céu está noite?

Ela entrou no elevador lévida e confiante aquela noite.Apertou o "C" de cobertura, queria ver o céu depois de um dia daqueles.
Ele entrou cansado, fracassado de cabeça baixa no elevador aquela noite. Cumprimentou a mulher que lá estava e apertou o "C" de cobertura, queria ver o céu para achar alguma resposta.
O elevador esatav surpreendentemente devagar aquela noite. A pressa era pouca, a aflição era muita.
-Devagar esse levador não:- disse simpatica
- É, - Cortou ele.
Ela com toda sua paz, só queria admirar o céu e agradecer. Ele derrotado queria ver o céu para achar soluções. Ela saudável, corada. Ele esgotado, meio pálido. Eles só queria ver o céu.
12º andar
- Só mais 8 andares- pensou ele.
-Está tudo bem? - indagou ela.
_Sim, obrigado.
Fez-se mais uma vez o silêncio.
Ela não entendia o mau humor dele, ele não entendia a curiosidade dela.
Sem nem trocar olhares eles seguiram, cada um com seu silêncio.
"C", a porta se abriu e os dois rápidamente se debruçaram no parapeito do prédio.
Ele olhou para cima e suspirou.
Ela olhou para cima e agradeceu.
Uma brisa bateu e os dois instantaneamente se olharam.
Ele achou sua resposta, ela achou sua graça.
Com as mãos tremulas e pernas bambas ele perguntou para ela:
-Você já olhou para o céu esta noite?

Sabe oque eu quero?
Eu quero é arrepiar!

É par, ou ímpar?

É par ou é ímpar?
Depende, é sozinho ou acompanhado?
Depende, é de amigos ou de amor?
Depende, é de dia ou á noite?
Depende, tá alegre ou tá triste?
Depende, acordou com o pé esquerdo ou com o pé direito?
Ué, com os dois!
Aaaaaaaaah, então é PAR!